quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Sai primeira sentença do caso Sion: 59 anos para ex-policial


Defesa anunciou recurso; para promotor, pena foi maior que a prevista
Publicado no Jornal OTEMPO em 08/12/2011
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NATÁLIA OLIVEIRA FOTO: ANGELO PETTINATI
Culpado. Ex-policial foi o primeiro dos oito acusados a ser sentenciado; ele deixou o fórum e voltou para presídio onde já estava preso
O cabo Renato Mozer, acusado de participação na morte de dois empresários que foram decapitados no bairro Sion, na região Centro-Sul de Belo Horizonte, em abril de 2010, foi condenado ontem a 59 anos de prisão em regime fechado. A sentença, anunciada às 19h30, quase dez horas após o início do julgamento, considerou que, só pelos homicídios, o ex-policial terá uma pena de 40 anos de prisão - 20 anos por morte de cada uma das vítimas.

Renato Mozer não demonstrou qualquer reação ao ouvir a sentença proferida pelo juiz Michel Curi e Silva, do 2º Tribunal do Júri. Em silêncio e de cabeça erguida, ele ouviu a sentença que o considerou culpado ainda das acusações de extorsão, ocultação de cadáver e formação de quadrilha. Pelas extorsões serão mais 12 anos de prisão. O ex-policial deixou o Fórum Lafayette em direção ao Presídio Jason Albergaria, em São Joaquim de Bicas, onde já estava preso.

A advogada Raquel Cristina Inhan Leroy, que o representou no julgamento, considerou a sentença "um exagero". Ela anunciou que irá entrar com recurso já na próxima segunda-feira. Raquel Leroy contestou a acusação de envolvimento de Renato Mozer no homicídio de Rayder Rodrigues, mas reconheceu a participação dele na morte de Fabiano Moura.

O promotor Francisco de Assis Santiago, que havia previsto uma pena de 45 anos, comemorou a sentença estipulada pelo juiz. Para ele, o recurso prometido pela defesa não irá mudar a decisão.

A ex-mulher de Rayder Rodrigues chorou muito ao ouvir a sentença. "Espero que a pena se repita aos outros acusados", afirmou Tatiane Santos Rodrigues, que teve três filhos com o empresário assassinado. As crianças, hoje com 5, 6 e 9 anos, segundo ela, ainda sofrem muito a ausência do pai. "Só agora nossas vidas estão começando a voltar ao normal".

O início do julgamento foi marcado por uma discussão entre o juiz, o promotor e o advogado Marco Antônio Siqueira, que defende o estudante de direito Arlindo Soares Lobo, também acusado pelo crime. Lobo seria julgado ontem, mas o advogado conseguiu o adiamento ao alegar que não estava se sentindo bem para acompanhar a sessão. O novo julgamento foi remarcado para o próximo dia 16.

Ao todo, cinco testemunhas, sendo três de acusação e duas de defesa, foram ouvidas no julgamento do cabo. Frederico Flores, apontado como mentor dos assassinatos, foi escalado, mas acabou dispensado.

Filha diz não duvidar da culpa do pai
Dentre as testemunhas ouvidas ontem estava a filha do garçom Adrian Grigorcea, Larissa Grigorcea, que manteve um relacionamento com o empresário morto Rayder Rodrigues. No interrogatório, ela disse que acredita que o pai, agora preso, esteja mesmo envolvido no crime. "Não fui visitá-lo na prisão e não tenho a mínima vontade de vê-lo. Ele destruiu minha vida", disse durante a audiência.

Entre as testemunhas estava o ex-sócio de Frederico Flores, Vinícius Miranda, que contou que foi agredido e ameaçado. "Ele (Flores) queria que eu passasse dinheiro para ele". (NO)

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