Um teste pioneiro que começa a ser feito no próximo mês em Minas pretende reduzir as ocorrências de acidentes com armas envolvendo, principalmente, crianças e adolescentes. Desenvolvido na Universidade de São Paulo (USP), o chip que só permite ao dono disparar o armamento será implantado no corpo de um policial civil mineiro. Os testes serão feitos por iniciativa do escrivão Gabriel Vidigal, que aceitou implantar o equipamento criado pelo físico Mário Gazziro, professor do Instituto de Ciências Matemáticas e da Computação (ICMC) da USP.
O aparelho, um pouco maior que um grão de arroz, será implantado a partir de uma pequena cirurgia. Na arma usada pelo policial - uma pistola modelo 889 - será colocado um receptor que recolhe os dados e impede que a trava de segurança seja liberada caso outra pessoa tente fazer os disparos. O equipamento tem o número de identificação e conta ainda com uma bobina e um dispositivo que proporciona a conferência das informações contidas no chip através do sistema de radiofrequência.
Esse é o primeiro teste do tipo do Brasil. "É algo tão simples que não sei como ninguém teve essa ideia antes", brincou o físico, que também implantou um chip na mão, em agosto do ano passado, um mês depois do início da pesquisa. Os testes, feitos com uma arma de brinquedo, garantiram 100% de precisão, de acordo com Gazziro. "A eletrônica usada no projeto é a mesma de sistemas de aviões. É impossível a arma funcionar acionada por alguém que não tenha o chip implantado".
O objetivo do invento, segundo o professor, não é ganhar dinheiro e, sim, reduzir os riscos de que pessoas inabilitadas façam uso de armas. No Brasil, dados do Ministério da Saúde, de 2008, mostraram que acidentes com armas de fogo mataram 36 crianças naquele ano. Outros 271 menores foram hospitalizados pelo mesmo motivo. No último dia 22, um garoto de 10 anos atirou contra a própria cabeça depois de balear uma professora numa escola pública de São Caetano do Sul (SP). A arma usada pelo menino era do pai dele, um guarda civil. A professora sobreviveu.
Na pesquisa, o físico Mário Gazziro contou com acompanhamento médico que definiu o local e a maneira corretos de instalar o chip, sem risco de rejeição. O aparelho será colocado logo abaixo do dedo mínimo, com uso de anestesia local. "É um local sem veia e com gorduras. O chip é introduzido por meio de uma injeção. Ele vem esterilizado dentro de uma agulha".
Inspiração. A ideia de criar o chip teve como inspiração o filme "Distrito 9", um roteiro de ficção científica em que armas usadas por alienígenas não funcionavam nas mãos de humano. "Vi o filme com alunos e pedi a eles que tentássemos fazer o mesmo numa pistola comum, usando tecnologia de identificação por radiofrequência".
FONTE: O TEMPO.
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