quarta-feira, 19 de outubro de 2011

PCC usa ‘laranja’ para comprar carro e arma em Minas Gerais



Parentes ou amigos de criminosos emprestam seus nomes para reforçar o movimento financeiro da facção


A Polícia Civil de Minas investiga a participação de “laranjas” na compra de carros e armas para que traficantes ligados à organização criminosa paulista Primeiro Comando da Capital tentassem criar uma “filial” mineira. Policiais da Divisão de Homicídios descobriram que essas pessoas que “emprestam” seus nomes para as transações são parentes ou amigos dos criminosos.
O objetivo é reforçar o movimento financeiro dos grupos dedicados ao tráfico de drogas na Região Metropolitana de Belo Horizonte, especialmente na Região Oeste. As informações estão contidas no relatório ao qual o Hoje em Dia teve acesso e foram confirmadas por fontes da própria Polícia Civil.

“Várias pessoas estão sendo procuradas e podem ser presas a qualquer momento”, revelou um policial empenhado nas investigações. “Além daqueles que participaram diretamente de crimes pela organização, estamos tentando identificar pessoas que emprestaram suas identidades para que os traficantes pudessem agir com nomes limpos. Estamos atrás de todos”, diz a fonte.

As descobertas mais importantes da polícia aconteceram durante uma diligência realizada por policiais do Grupo de Operações Especiais, da Polícia Civil, no fim do mês passado. Depois de muito tempo de vigilância, os investigadores invadiram uma casa em um bairro de Lagoa Santa, na Região Metropolitana de BH, que servia de esconderijo para Bruno Rodrigues de Souza, o “Quén-Quén”.

Ele é investigado em vários inquéritos por envolvimento em homicídios e tráfico de drogas. O homem que era procurado pela polícia não estava na casa, mas os policiais ouviram algumas testemunhas, informalmente, entre elas uma pessoa que disse ter sido ameaçada por Quén-Quén. Foi durante essa diligência que policiais da Divisão de Homicídios, que participavam das operações, descobriram e recolheram folhas de papeis contendo o “estatuto” a ser observado pelos integrantes da organização que estava sendo criada, denominada Primeiro Comando de Minas Gerais (PCMG).

Para a polícia, essa casa seria um ponto de encontro e de reuniões dos traficantes. OHoje em Dia possui uma cópia do texto na íntegra. O documento menciona até a possibilidade de execução de criminosos que integram a organização criminosa e que porventura causem divisão na comunidade de traficantes.

A polícia suspeita que o redator do texto seja Quén-Quén, que, depois de ser ouvido na Divisão de Homicídios como suspeito de envolvimento no assassinato de um agente penitenciário, foi transferido, na semana passada, da Penitenciária Nelson Hungria, em Contagem, na Região Metropolitana de BH, para a Penitenciária de Francisco Sá, no Norte do Estado. Fontes informaram que Quén-Quén negou ser o autor do texto de fundação do PCMG.

A polícia identificou que o esquema montado pelos criminosos constituem uma “estrutura tríplice” para garantir as ações em Belo Horizonte, Teófilo Otoni e Ribeirão Preto, no interior de São Paulo. São 11 pessoas chefiando a organização.

Nesta segunda-feira (17), o delegado Édson Moreira, chefe do Departamento de Investigações de Homicídios e Proteção à Pessoa não desmentiu as informações obtidas pelo Hoje em Dia e disse que os inquéritos sobre os crimes que teriam sido praticados pelas pessoas denunciadas estão em andamento no departamento, principalmente na Delegacia de Homicídios/Oeste. O delegado Moreira confirma que várias pessoas suspeitas de envolvimento com o grupo, algumas delas ainda sem identificação, estão sendo procuradas em Minas e em outros estados.


arte
 

Nenhum comentário:

Postar um comentário