LUCAS PRATES/ARQUIVO HOJE EM DIA
Celular em presídios
Especialista afirma que bloquear sinal de operadoras sairia muito caro

A dificuldade para bloquear o sinal de celular nos presídios deixa Minas à mercê da criminalidade. A eficácia da tecnologia que impede a entrada de telefones nas unidades prisionais esbarra no desvio de conduta de agentes penitenciários que facilitam o trânsito dos aparelhos.
Com a ineficiência do aparato de segurança pública, planos são arquitetados atrás das grades por presos ligados a facções criminosas como o Primeiro Comando da Capital (PCC), de São Paulo.

Lista negra

O Sindicato dos Servidores da Polícia Civil do Estado de Minas Gerais (Sindpol-MG) confirma a existência de uma relação de 25 policiais civis e militares e agentes penitenciários mineiros marcados para morrer.
Segundo o vice-presidente do Sindpol, Antônio Marcos Pereira, a lista estava com detentos em Uberlândia, no Triângulo Mineiro. “Um colega entrou em contato dizendo que o nome dele estava relacionado. Enviamos ofício à chefia da Polícia Civil, pedindo providências”.
O Sindpol solicitou reforço de pessoal e armamento nas delegacias, sobretudo aos fins de semana. “Todos os alvos são do Triângulo. Pode até ser um blefe, mas não estamos dispostos a pagar para ver”, diz.
A Associação dos Praças, Policiais e Bombeiros Militares de Minas Gerais (Aspra) informou, por orientação do Comando-Geral da Polícia Militar, que seus integrantes estão “redobrando a atenção”.

Demora
Pereira critica a morosidade na instalação de bloqueadores de celular nos presídios de Minas. “É uma promessa de 15 anos. Quando surge um momento de crise, vem à tona. Depois, cai no esquecimento”.
Doutor em ciências humanas pela UFMG, Lúcio Alves de Barros afirma que os estados têm dificuldade para instalar o aparato. “Nunca se investiu tanto em segurança pública. O bloqueio nas prisões afeta tudo em volta, e corrigir isso custa muito caro”.

Raio-X
Em nota, a Secretaria de Administração Penitenciária de São Paulo, estado que vem sofrendo constantes ataques criminosos, informou que as 152 unidades prisionais paulistas são equipadas com raio-X e detectores de metal para impedir a entrada de aparelhos eletrônicos e drogas.
No entanto, não contam com bloqueadores de celular. “Após testes, ficou constatado que não é possível bloquear o sinal de todas as operadoras”, afirma o texto.

Esquema

Barros ressalta que a entrada de celulares nas prisões também é facilitada por agentes penitenciários. “Não adianta o visitante passar por três, quatro revistas se a cumplicidade continua do lado de dentro”.
Para o especialista, as informações sobre a atuação do PCC em Minas são muito truncadas. “Não temos a conjuntura do que realmente está acontecendo”.