sábado, 23 de abril de 2011

Minas Gerais apreende 57 armas ilegais por dia


 
Entidades acreditam que o trabalho dos órgãos de segurança pública deve ser mais amplo


Toninho Almada - Repórter
Armas
A redução de apreensão de armas fez o Governo reforçar as metas de combate

Para cada arma registrada em Minas Gerais, por dia, quatro ilegais são apreendidas pela polícia. Levantamento da Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds) revela que, no ano passado, 20.905 revólveres, espingardas, pistolas, fuzis e até metralhadoras foram tomados dos bandidos. Fazendo as contas, a média diária de armas recolhidas, que em 2009 era de 60,6, caiu no ano passado para 57,2.

Com a redução na quantidade de armas e munições apreendidas, o Governo de Minas reforçou as metas impostas aos batalhões da Polícia Militar de todo o Estado. Além de exigir ações mais intensivas para diminuir os crimes, os comandantes são cobrados a realizar mais operações para prisão de bandidos e apreensões de drogas, armas e munições. Apesar de não ser uma regra formalizada, algumas unidades concedem um dia de folga em troca do cumprimento das metas. Esse benefício foi proibido pelo comando da Polícia Militar no início de 2010, conforme a Comissão de Segurança Pública da Assembleia Legislativa.

Em 2009, quando não havia a proibição, foram 22.140 armamentos tomados dos bandidos. Em 2010, houve uma queda de 5,5% em todo o Estado. O presidente da Associação dos Praças da PM e dos Bombeiros, Luiz Gonzaga Ribeiro, diz que a maioria dos militares é pressionada pelos comandantes dos batalhões e companhias a cumprir as metas.

Mas, para as entidades que defendem o desarmamento, o trabalho dos órgãos de segurança pública para tomar as armas de fogo dos bandidos deve ser muito mais amplo. Uma das medidas defendidas pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) é o reforço do policiamento nas fronteiras, principalmente com o Paraguai e a Colômbia. Estes dois países são responsáveis pela remessa da maior parte das armas usadas pelos bandidos, conforme a Polícia Federal. “O Brasil não tem uma rede com informações dos armamentos roubados dos órgãos de segurança pública, da Justiça e das empresas de segurança. Muitos crimes podem estar sendo cometidos com armas roubadas ou desviadas”, alerta o advogado Paulo de Souza Aguiar, 43 anos, especialista na área criminal.

Estudo feito pela Viva Rio, ONG que luta pelo desarmamento, mostra que a campanha de entrega voluntária de armas, realizada nos últimos três anos, conseguiu tirar de circulação meio milhão de unidades. A redução de homicídios, nesse período, foi de 11%, salvando cerca de 5 mil vidas. Por outro lado, um estudo da entidade revela que as maiores variações das taxas de mortes por arma de fogo foram nos estados do Pará (121,2%), Maranhão (115,7%), Minas Gerais (102,8%), Alagoas (101,7%) e Piauí (85,2%). O levantamento foi feito com base nos crimes ocorridos entre 1996-2002 e 2003-2008.


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