sexta-feira, 29 de abril de 2011

Suspeito de matar crianças é condenado a 48 anos de prisão

Geraldo Marcelino já cumpria pena de 27 anos por homicídio e é investigado ainda por uma quarta morte


Diário de Caratinga
Geraldo Marcelino Moreira homem-aranha
Geraldo Marcelino Moreira é acusado também de matar quatro mulheres
Corpo de Bombeiro/Divulgação
Geraldo Marcelino Moreira homem-aranha
As ossadas foram encontradas dentro de um poço artesiano na casa de Geraldo
          CARATINGA – Quarenta e oito anos e 80 dias de reclusão. Essa é a pena imposta ao preso Geraldo Marcelino Moreira, 43 anos, o “homem-aranha”, condenado na quinta-feira (29) pelo assassinato e ocultação dos cadáveres de duas meninas de 10 anos, em 2002. As ossadas foram encontradas em uma cisterna desativada, no quintal da casa dele, em 2005. Moreira, que já cumpria pena de 27 anos por homicídio, é investigado ainda por uma quarta morte, a de Josiane Karine Cristóvão Fernandes, que desapareceu aos 12 anos, em outubro de 2002, e dois estupros.

O julgamento foi realizado no Fórum Desembargador Faria e Souza, em Caratinga, sob forte esquema de segurança. Os trabalhos começaram às 9h30 e foram presididos pelo juiz José Venâncio de Miranda Neto, com a participação da promotora Flávia Alcântara e do advogado de defesa nomeado pelo Estado, Anderson Humberto Parreira. A imprensa não pode fotografar ou filmar o julgamento. Familiares e curiosos se revezaram no salão no júri, formado por seis homens e uma mulher, durante todo o dia.

A sentença pelas mortes e ocultação dos cadáveres das estudantes Thaís Grazielle Inácio e Natália Celeste da Silva Moraes, saiu às 20 horas. Moreira, que já cumpria pena de 27 anos na Penitenciária Dênio Moreira de Carvalho, em Ipaba, pelo assassinato de Juliana Abdala, 26 anos, voltou para o presídio aparentando a mesma tranquilidade com a qual chegou ao Fórum. Ao juiz, o condenado alegou nunca ter visto Thaís e Natália, que eram suas vizinhas.

Disse ainda que não sabia o motivo das ossadas terem sido encontradas no quintal de sua casa e negou o primeiro depoimento, quando afirmou ter dado carona para as meninas e sofrido um acidente, no qual morreram. Na época ele alegou que tinha problemas com a polícia e não queria se comprometer mais, por isso desovou os corpos na cisterna. Ele contou que na ocasião tinha sido torturado para confessar o crime.

Também garantiu que não sabe de quem é a terceira ossada, encontrada na mesma cisterna. Os exames de DNA feitos na assada de adolescente não foram conclusivos, mas a polícia suspeita que sejam de Josiane Karine Cristóvão Fernandes, que desapareceu aos 12 anos, em outubro de 2002. Ela morava na mesma rua do acusado, no Morro da Antena, e ainda é considerada desaparecida. Um inquérito foi instaurado pela polícia de Caratinga para investigar o caso.

A promotora Flávia Alcântara mostrou laudos de exames de corpo de delito que desmentiriam a suposta agressão sofrida por "homem-aranha" e revelou que a testemunha que viu as meninas vivas, quando entravam na casa dele, foi ameaçada de morte. “De quase cem júris que já participei, nunca vi um réu tão habilidoso para prestar depoimento. Mesmo quando mente, consegue seguir uma boa linha de raciocínio e tem essa mesma habilidade para matar”, afirmou.

Ainda de acordo com a promotora, boa parte dos crimes que “homem-aranha” cometeu ocorreram quando estava em liberdade condicional. Entre eles estaria a morte de Juliana Abdala, 26 anos e o estupro de duas adolescentes, no mesmo local onde o corpo foi encontrado, uma mata no Morro da Antena. Após a violência sexual, elas teriam sido obrigadas a ter relações sexuais com seus namorados, na frente dele. A intenção do criminoso era “apagar vestígios do estupro”.

O advogado de defesa, Anderson Humberto Parreira, usou a tese de negativa de autoria e garantiu que havia divergências nos autos, mas não conseguiu convencer os jurados. “A justiça foi feita. Meu coração está limpo e minha alma lavada”, disse a mãe de Natália, Silvana Aparecida da Silva Moraes. Chorando, a tia de Thaís, Fernanda Ferreira, disse que a sensação era de alívio. “Não tem jeito de trazer minha sobrinha de volta, mas a justiça foi feita”. A mãe de Thaís, Wanderlúcia Ferreira Inácio, não assistiu ao julgamento, segundo familiares, para evitar mais sofrimento.

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