Afirmação consta no depoimento à Justiça feito por ex-detento do local
Lucas Prates
Agentes burlariam segurança, facilitando a entrada de itens ilegais
A Penitenciária de Segurança Máxima Nelson Hungria, em Contagem, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, manteve uma horta com celulares "plantados" debaixo da terra. Os telefones eram colocados em potes de achocolatados em pó, enterrados na horta. Quando os presos saíam para tomar banho de sol, eles pegavam os aparelhos e retornavam para as celas com os telefones, que eram usados durante a noite.
A informação foi revelada por Jaílson Alves de Oliveira, um ex-detento da penitenciária que dividiu cela com um dos acusados de matar Eliza Samudio, o ex-policial Marcos Aparecido dos Santos, conhecido como Bola. A afirmação consta no depoimento dado por ele à Justiça de Minas Gerais no dia 26 de abril deste ano.
Segundo o advogado de Oliveira, Ângelo Carbone, seu cliente foi transferido nesta semana para outra penitenciária por questão de segurança. Um dos 1.700 presos da unidade é o goleiro Bruno Fernandes, também acusado do assassinato de Eliza.
Oliveira diz que "tem um monte" de aparelhos na penitenciária. Dos 12 presos do pavilhão H da Nelson Hungria, oito tinham celulares enterrados na horta, segundo ele. Os celulares teriam chegado ao presídio depois que um grupo de ex-policiais militares foi transferido da penitenciária de Joaquim de Bicas para a Nelson Hungria.
Revista
A penitenciária foi vistoriada por 400 agentes do GIT (Grupo de Intervenção Tática), do Cope (Comando de Operações Especiais) e de outras penitenciárias, um dia antes de Oliveira prestar depoimento. Na ocasião, as mulheres dos presos protestaram contra a falta de informação sobre a ação dos policiais no local e a situação dos presos. Nessa operação, 16 celulares, 24 chips e duas facas foram apreendidos.
Questionada pelo R7, a Seds (Secretaria de Estado de Defesa Social), responsável por administrar as penitenciárias do Estado, não soube informar se a "horta de celulares" foi encontrada durante a vistoria. A assessoria de imprensa da instituição disse apenas que as denúncias estão sendo "objeto de investigação" pela corregedoria do sistema prisional.
Bruno x tráfico
Nesse mesmo depoimento prestado à Justiça, Oliveira afirmou ainda que seu colega de cela Bola teria contado que o goleiro Bruno Fernandes pediu a um traficante do Rio de Janeiro para matar uma juíza de Contagem e outros desafetos.
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