O sequestro ocorrido nesta terça-feira (14) na região central de Brasília era praticamente um crime anunciado, de acordo com o cientista político Antônio Flávio Testa. Em entrevista à Agência Brasil, ele lembrou que a capital federal já sofre há algum tempo com o aumento da violência e defendeu alterações legislativas que acabem, por exemplo, com o chamado saidão [de presos das cadeias].
O crime aconteceu depois de uma tentativa frustrada de assalto que resultou na invasão de uma casa onde estavam quatro mulheres. Adelino de Souza Porto, um dos assaltantes, cumpriu 28 anos de prisão e fugiu durante o último saidão. Já Bruno Leonardo Vieira da Cruz cumpria quatro anos de pena e estava em em liberdade condicional, segundo a Polícia Militar (PM).
Para o cientista político, o sequestro chamou a atenção de grande parte do país por ter ocorrido na capital federal e por envolver pessoas que já haviam sido condenadas pela Justiça. Para ele, o benefício do saidão precisa ser revisto porque causa prejuízos à população, custos financeiros ao Estado e não promove a ressocialização dos presos.
“A própria polícia denuncia isso. Lembro de um caso em São Paulo de policiais alertando que iriam sair milhares de condenados e que muitas pessoas seriam vítimas de homicídios, sequestros e violências físicas. É uma medida que não promove a ressocialização, tem um custo financeiro altíssimo e coloca a população como refém.”
De acordo com Testa, a Região do Entorno do Distrito Federal já configura como uma das mais violentas do país e demonstra o problema da falta de jurisdição e de definição de responsabilidades em áreas de fronteiras – sejam elas municipais, estaduais ou mesmo federais.
“Passa a ser uma terra sem lei, que fica por conta do interesse dos traficantes, dos assaltantes e das quadrilhas. Torna-se um ambiente muito mais vulnerável e facilita a ação dos criminosos”, disse Testa. “O crime tem uma grande vantagem sobre o Estado porque não tem jurisdição, trabalha 24 horas, não é burocrático e ocorre de forma planejada e aleatória, tornando mais difícil ações de combate e prevenção.”
AGÊNCIA BRASIL.
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