domingo, 5 de junho de 2011

Bombeiros do Rio podem pegar até 12 anos de prisão, diz comandante

 

Alba Valéria Do G1 RJ
O comandante do Batalhão de Choque da PM (BPChoque), coronel Waldyr Soares Filho, afirmou na tarde deste sábado (4) que a movimentação dos bombeiros e a invasão do Quartel Central, no Centro do Rio, já podem ser considerados um motim. Se qualificados neste crime, de acordo com o comandante, os bombeiros poderão pegar de 3 a 8 anos de prisão, sendo que os líderes do movimento, podem ter a pena agravada. E com isso, a punição pode chegar a 12 anos de detenção.
"O código disciplinar militar é rígido. Invasão de quartel é uma atitude muito grave e está previsto no artigo 149 do Código Penal Militar", disse o comandante.


Comandante do BPChoque ferido durante invasão de bombeiros a quartel central do Rio (Foto: Alba Valéria Mendonça/G1)
Comandante do BPChoque sofreu fratura no pulso
esquerdo e luxação no joelho (Foto: Alba Valéria
Mendonça/G1)
Com o pulso esquerdo fraturado e uma luxação no joelho esquerdo, em consequência da invasão do quartel dos bombeiros, o comandante acompanhou o trabalho de qualificação dos bombeiros presos na Corregedoria da PM, em Neves, em São Gonçalo, na Região Metropolitana do Rio de Janeiro. À paisana, ele contou como tudo aconteceu.
"Fui empurrado por um dos líderes da invasão. Como era a autoridade de patente mais alta no quartel naquele momento, fui dar voz de prisão a ele. Ele me empurrou, eu tentei agarrá-lo. Ele se desvencilhou de mim, enquanto eu torcia o joelho. Logo depois, ele me empurrou de novo numa escada e, ao cair, quebrei o pulso esquerdo", contou o comandante.
O coronel Waldyr Soares Filho deverá ficar engessado por pelo menos uma semana, até que sejam feitos novos exames para que se constate se houve ou não rompimento de ligamentos.
Bombeiros que invadiram QG da corporação estão presos no prédio da Corregedoria da Polícia Civil, em Niterói (RJ) (Foto: Marcelo Carnaval/Agência O Globo)Bombeiros que invadiram QG da corporação estão presos em Niterói (Foto: Marcelo Carnaval/Agência O Globo)
'Meu filho não é bandido', diz mãe de bombeiro preso
Famílias dos bombeiros presos neste sábado (4) após invadirem o quartel central da corporação na noite de sexta (3) aguardam uma solução para o caso na porta da Corregedoria da PM, para onde os manifestantes foram levados. Cerca de 25 pessoas ficam da grade do batalhão tentando ver a movimentação dos filhos e maridos mantidos dentro dos ônibus no pátio da unidade. Um deles conseguiu sair e tranquilizar a mãe, Marilu Fonseca, que ficou muito emocionada.
"Meu filho não é bandido. Tem um monte de gente que faz greve e não é preso. Ele é técnico em raio-x, trabalha na área médica. Ele estava no plantão e depois foi lá para o quartel onde estavam os outros bombeiros. Ele não pode ser tratado como bandido", disse a mulher, bastante emocionada.
Mais cedo, em entrevista coletiva, o governador do Rio, Sérgio Cabral, disse que os bombeiros que invadiram o quartel Central do Corpo de Bombeiros são "vândalos, irresponsáveis, que não irão de forma alguma prejudicar a imagem de uma instituição tão respeitada e querida pelo povo do Rio de Janeiro."
Segundo Cabral, os bombeiros "têm recebido um apoio jamais visto nas últimas quatro décadas. Desde a existência do estado do Rio o Corpo de Bombeiros não vê o número de equipamentos, de condições de trabalho, que recebeu nos últimos 4 anos e 5 meses do nosso governo," garantiu.
Troca de comando nos bombeiros
Após uma manhã de reuniões, o governador anunciou um novo comandante para o Corpo de Bombeiros, o coronel Sérgio Simões assume a corporação no lugar do coronel Pedro Machado. Simões era comandante da Defesa Civil do município. O motivo da substituição, segundo Cabral, foi descontrole hierárquico.
"Foram eventos completamente inaceitáveis do ponto de vista do estado de direito democrático, do ponto de vista do que representa o respeito as instituições, sem falar na própria hierarquia nessa instituição tão querida pelo povo do Rio que é o Corpo de Bombeiros", continuou Cabral.
"Não há negociação com vândalos, eu não negocio com vândalos, eles responderão administrativa e criminalmente" pela invasão do quartel Central, garantiu o governador.
Cabral afirmou que há planos de aumento de salários já anunciados para os bombeiros. "Há um programa de incremento salarial aprovado na Alerj, de R$ 2 mil, esse grupo ao final do ano já está atendido. Se não é ideal é o melhor da historia da corporação."
Segundo Mário Sérgio Duarte, comandante-geral da PM, o uso da força não era interesse do governo. "Não nos interessava o uso da força, por isso tivemos uma extensa negociação. (...) Nossa preocupação era muito grande com crianças e mulheres. Aquele grupo dizia que iria reagir de toda forma possível a qualquer ação nossa, então havia um cuidado muito grande. Havia notícia que havia arma de fogo entre eles. A preocupação é de que alguns tivessem armas. Ouvimos alguns disparos na madrugada. Apreendemos um bombeiro com uma pistola. Tinham armas letais. Se essas armas foram levadas, vamos fazer apuração," disse.

Rotina normal
O Comando Geral do Corpo de Bombeiros garantiu no início da manhã que a rotina de atendimento à população do Rio está mantida, apesar das prisões dos bombeiros manifestantes.
Os substitutos dos 439 bombeiros detidos já assumiram seus postos segundo nota da divulgada, e postos de salvamentos dos Grupamentos Marítimos, assim como quartéis, unidades de atendimento de urgências e emergências (SAMU/GSE) e serviços de socorro (combate a incêndios, salvamentos e desabamentos, etc) estão operando normalmente.



FONTE: G1 RJ

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