quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

O auxílio é contrapartida do INSS a quem pagava antes de ser preso – é direito do preso e não favor do Estado




"Existem momentos na vida em que a gente tem de manter-se firme, ainda que decepcione amigos ou desagrade a maioria. Muita gente discorda quando me posiciono contra a pena de morte. Costumam dizer: “O que fazer com um cara que estupra, mata e não se arrepende?”. Cadeia nele, respondo eu. Cana brava, com xadrez, arroz com feijão, banho frio, cama com colchonete e mais nenhuma regalia. E tem de levantar-se às 6h, tomar café e seguir para um serviço pesado, tipo quebrar pedras, até as cinco ou seis da tarde, com intervalo suficiente para o almoço. Ou seja, sem tortura e sem privilégios.
Mas essa é a receita para bandido. Criminoso eventual – ou seja, aquele que fez uma bobagem num momento impensado – tem de ter outro tratamento. Defendo uma Apac em cada município, na qual o apenado limpa, lava, cozinha e cuida da cadeia, barateando assim seu custo para nós, os contribuintes. Para ele, a grande vantagem é estar perto da família, num ambiente tranquilo e com chances reais de recuperação. Para os de regime semiaberto ou domiciliar, o caminho é a pena alternativa, na qual o cidadão presta um serviço, devidamente identificado (por exemplo, com um colete) para que todos saibam do cumprimento da sentença e, assim, livramo-nos do sentimento de impunidade.
Aposto que teríamos uma limpeza geral nos presídios, restando aos cuidados do Estado, em regime de reclusão, apenas dois ou três mil que são, verdadeiramente, os bandidos, cruéis, frios, que passam dias e noites pensando como vão tirar nossa tranquilidade.
Mas atenção! Agora, vou contrariar muita gente ao defender aqui que todos os que não tiverem uma renda dentro do sistema recebam o auxílio reclusão... Sei que as pessoas odeiam a ideia de tirar dinheiro do governo para dar salário a assassinos.
Mas, veja bem, primeiro o auxílio é contrapartida do INSS a quem pagava antes de ser preso – é direito do preso e não favor do Estado. Além disso, é justo para duas ou três crianças que, em decorrência da prisão do pai, passem fome? Acolhendo os pequenos, não estamos evitando futuros marginais? E, se sabe que os filhos estão crescendo saudáveis, mantendo contato com eles, o preso não terá mais motivos para mudar? Afinal, não damos bolsa família para os que precisam comer?'


Eduardo Costa
ecosta@hojeemdia.com.br

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