terça-feira, 17 de setembro de 2013

Móveis de Cana da Índia geram renda para familiares de presos


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presos_oficina_bambu_-_boa_esperanca.jpgVendas garantidas de toda a produção de mesas, cadeiras, aparadores e outros objetos feitos de Cana da Índia até o final deste ano empolgam os detentos artesãos do Presídio de Boa Esperança, situado no Sul de Minas. Os utensílios artesanais são criados e tomam forma, de segunda a sexta-feira, em um espaço cedido, situado ao lado da unidade prisional. A divulgação e venda das peças contam com o apoio dos familiares e é mais um estímulo para os presidiários.
presos_e_bambu_-_boa_esperanca.jpgSete presos integram o projeto O Domínio da Arte, criado após um curso de artesanato em fibras naturais rígidas, promovido pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar), no qual além de fabricar os móveis ensinam o ofício a outros detentos. A venda das peças ajuda no orçamento das famílias dos presos artesãos e outra parte vai para compra de itens necessários na confecção das peças como sisal, parafusos, pregos, madeira, verniz e cola. A matéria-prima é coletada em duas propriedades da região, por presos que saem sob escolta de agentes da unidade prisional.
O diretor geral do presídio, Bruno Tiso Pereira, considera a ressocialização o principal objetivo do projeto. “Os presos têm demonstrado conscientização sobre a importância do trabalho para  a reintegração social. Esta atividade, em especial, além  de contribuir na remissão de pena,  alivia a mente e dá confiança em um futuro  melhor para a vida do preso e de  seus  familiares”, ressalta o diretor.
Passo a passo
moveis_bambu_-_boa_esperanca.jpgOs presos dominam todo o processo artesanal de fabricação e ainda compartilham suas  experiências pessoais e profissionais. O detento Antônio Messias, 32 anos, conta ter   trabalhado em reforma de móveis e que isto ajuda na criação das  peças. “Estou muito  feliz de trabalhar aqui, me sinto útil e ajudo nas despesas de casa.” Antônio explicou todas    as etapas da produção. Primeiro é preciso fazer as  medidas, em seguida queimar as peças  escolhidas, “embuxar” (colocar madeira dentro da Cana da Índia), montar a estrutura,  “bater”  o sisal nas extremidades, passar cola e envernizar.
 O espaço localizado ao lado do Presídio de Boa Esperança, onde é realizado todo este  processo, pertence ao Serviço de Obras Sociais da Prefeitura de Boa Esperança,  em um terreno  de aproximadamente 400m², onde outros presos também cultivam uma horta.

A capacitação do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural em fibras naturais  rígidas foi  realizada de 25 a 29 de março deste ano. 

Benefício geral
Atualmente cerca de 12.500 presos das unidades administradas pela Subsecretaria de Administração  Prisional (Suapi) exercem as mais diversas atividades produtivas, que vão desde a  construção civil  e  a limpeza urbana até a fabricação de circuitos elétricos, material esportivo e  equipamentos eletrônicos,  passando por  artesanato, padaria, frigorífico, produção de roupas e sacolas  ecológicas.

Para trabalhar nos presídios, penitenciárias ou centros de remanejamento do sistema prisional   o detento precisa passar pela indicação das Comissões Técnicas de Classificação (CTCs) das  unidades prisionais. Elas são formadas por advogados, médicos, psicólogos, assistentes sociais  e agentes penitenciários, que avaliam a situação de cada preso, para avaliar se têm perfil para  as vagas disponíveis, analisando, por exemplo, questões de segurança e de saúde.

Pelo trabalho, os detentos recebem remição de pena, ou seja, a cada três dias de trabalho têm  menos um na sentença. Além disso, muitos são remunerados diretamente, recebendo, na  maior parte das vezes, ¾ do salário mínimo, conforme determina a legislação vigente, ou pela  venda daquilo que produzem, como é o caso dos que fazem artesanato.
Nos casos em que o preso é renumerado, o valor do pagamento é dividido em três  partes:  50% pago ao preso no mês seguinte à realização do trabalho, 25% destinado a pecúlio,  que é  levantado quando o detento se desliga do sistema  prisional, e outros 25% utilizados  para  ressarcimento ao Estado.
O trabalho autônomo reforça o vínculo do preso com a família. São os familiares que levam o  material a ser trabalhado e que vendem o produto fabricado, gerando renda. O trabalho no  sistema prisional tem se mostrado benéfico a todas as partes: ao Estado, que cumpre sua  função de humanização e ressocialização dos indivíduos que estão presos, aos próprios  detentos, que têm a oportunidade de se profissionalizarem enquanto cumprem pena, e aos  parceiros, que contam com mão-de-obra mais barata e com alta produtividade.
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